Mesmo sendo tão jovens, compreender que são indivíduos com personalidades, características e sentimentos que os tornam pessoas independentes e com uma vida própria.
Cada filho é um mundo inteiro, um oceano de diversidade e encanto: um gosta disso, o outro daquilo, o outro de outra coisa.
Porque além do filho real, está ali o filho imaginário, aquele que chegou antes e vive dentro da minha mente e dos meus anseios, lutando para se encaixar entre isso e a vida real do filho que existe ali, sorrindo pra mim. Cada um deles.
Confesso que para mim, mãe-mulher de Yemanjá, sagitariana, controladora e centralizadora, é difícil abrir mão.
O medo de não ser capaz de fazer essa distinção, de saber o momento de me retirar e deixar que eles façam suas escolhas e lidem com as consequências, ao mesmo tempo que estou ali, do lado, para o que for preciso.
Percebê-los tão distintos e tão unidos, sendo estupidos e amorosos, ouvir suas gargalhadas e suas conversas, ver seus gostos mudando...tão perfeitos e tão meus.
E é nesse “meus” que mora minha inquietação.
Porque não são realmente meus. Estão meus.
Estão meus para que eu os arme com todo o arsenal possível de força e valores e sentimentos para enfrentar a vida sem deixar de aproveita tudo que a vida tem para oferecer.
Estão meus para aprender sobre respeito, sobre como a vida do outro é importante com todas as escolhas diferentes que o outro pode fazer.
Estão meus para entender o porque a cor da pele, o gênero, a sexualidade, as escolhas pessoas importam SIM nessa sociedade. E para entender a luta que deve ser travada em relação a isso, para que todos tenham as mesmas chances.
Estão meus para que saibam que somente o amor é vital, não importa o nome que seja dado. É o único motivo, razão, finalidade. Só amor.
Estão meus para serem protegidos, mas apresentados ao mal. Para que possam reconhecê-lo e lutar contra ele, se afastando quando necessário.
Estão meus para que eu olhe nos olhos deles e perceba o quanto eu posso, preciso e desejo me tornar melhor. Porque NADA educa como o exemplo.
Estão meus para eu enxugue suas lágrimas a cada sofrimento que eu não possa ou não deva evitar. Para que os acalente até passar, para que os fortaleça quando precisar. Mesmo que meu coração se despedace por eles, mesmo que eu sangre.
Estão meus até que eu me torne desnecessária. E ainda assim, eles saibam que eu sempre estarei com eles.
Estão meus.
Não são meus.
E é aí que reside toda a beleza e toda a dor da maternidade.
Seguir em frente.

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