Nego do Borel, pink money e tretas

em 12 de julho de 2018

Então...eu não ia falar nada sobre Nego do Borel, afinal não sou negra, não sou gay e não sou “artista”.
Acontece que eu acho que opinião é igual a cu: cada um dá se quiser, como quiser e quando quiser. Não pretendo usurpar lugar de fala de ninguém (graças a todos os deuses eu sei bem o meu lugar), mas como consumidora de funk e como pessoa com mínimo de noção...vai lendo.

O problema do clipe é ele se vestir de mulher.
Na verdade o que ele faz é estereotipar a bicha preta favelada, exagerada, exibida, vulgar, com todos os trejeitos afeminados que tornam os gays “uma coisa excêntrica”.
Nego do Borel é HÉTERO (segundo ele) e apoiador de Bolsonaro (segundo as redes sociais dele).
Em momento nenhum ele fez isso para apoiar causa alguma, para empoderar ninguém: fez isso para criar polêmica e ganhar DINHEIRO.
Só.
É um black face com a população LGBTQ no lugar dos negros.
E qual o problema disso?

O problema é que as pessoas MORREM por aqueles trejeitos que ele usa para ganhar likes.
Pessoas morrem por conta desse deboche.
O Brasil é o país que mais mata gays. Nesse contexto, você pega um cara que apoia um candidato que diz em público que “viado é falta de porrada” e coloca esse cara num clip vestido de mulher e se fazendo de “a bicha preta da favela” e percebe TODA a estratégia de construção de personagem por trás.
Se ele efetivamente queria mostrar que a bicha preta da favela tem o direito de ser quem ela quiser, ele convidasse uma delas para compor o clip. Porque é isso que se faz: se usa a fama/visibilidade para dar voz a quem precisa.

Nego do Borel é uma fraude muito bem estruturada.
E mandou muito mal dessa vez.

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