Eu venho de uma família de muitas mulheres. Mulheres fortes, múltiplas e maravilhosas. Avó, mãe, tias, primas.
Mas em algum lugar na minha infância eu me perdi desse lugar de feminilidade e matriarcado. Não que eu não reconhecesse a validade e a importância, mas eu simplesmente não me achava segura/feliz/pertencente dentro do núcleo feminino. Preferia a companhia dos meus primos. “Ah, essa é moleque” era a frase da minha vida.
Mesmo na escola, na rua, minhas amizades eram compostas de mais homens do que mulheres.
Eu acreditava no poder masculino e não percebia o quanto o patriarcado estava me contaminando.
Aos poucos, há alguns anos - mais desde a gestação e nascimento da minha caçula - comecei a “olhar” mais esse lado (que não é lado, é núcleo, raiz, chão) feminino e me perceber mais mulher sem que isso tirasse a minha força.
Nesse caminho fui me aproximando e me segurando em mulheres fortes. Elas me contaram que ser mulher é foda, mas é incrível.
É força que nasce de dentro, não força física ou força imposta por um padrão.
É exaltar a sensibilidade e fazer dela aliada.
É compreender que nosso cérebro é diferente e essa diferença traz coisas lindas.
Mas principalmente é compreender que não somos inimigas, lutando pelo mesmo homem. Não somos. Mesmo que tentem fazer isso para nos fragilizar.
Somos irmãs. Somos apoio. Somos juntas.
Hoje tenho mais contato com mulheres, me sinto mais à vontade entre elas.
Hoje todo meu pensamento em termos de trabalho é voltado para ajudar mulheres.
Hoje chamo de amigas mulheres que nunca vi.
Marco encontros para conhecer pessoalmente as mulheres que até aí eram estranhas e depois não sei como vivi sem elas.
Admiro e quero na minha timeline, nos meus inbox, nas mensagens, nas páginas que eu sigo, as mulheres fodásticas que o mundo virtual me apresentou.
Me sinto livre para dizer-lhe sou apaixonada pelas ideias, pelos trabalhos, pela vida de mulheres que nem conheço pessoalmente.
Repenso ideias e posturas por causa dos argumentos que mulheres me trazem.
Chamo de irmãs mulheres que só me conheceram adulta.
Hoje percebo que o carinho e compreensão de uma amiga jamais serão comparáveis a uma amizade masculina: são lugares diferentes.
Continuo amando homens e me divertindo com a forma de viver e pensar deles. Meu marido, meu filho, meu irmão, meus amigos homens são muito queridos e muito próximos.
Mas eu me (re)descobri mulher através de outras mulheres.
Então, é só mais um textão.
Mas eu precisava escrever e dizer que as mulheres da minha vida são maravilhosas.
Precisava registrar para que as minhas meninas, todas, saibam que esse lugar de fêmea existe e é lindo, não é aquilo que a gente aprende quando ainda tá sendo contaminada pelo machismo.
Aceitem e libertem essa mulher aí dentro, aí do seu lado.
É mágico.


Nenhum comentário:
Postar um comentário