O que é perdão?

em 26 de outubro de 2011

Hoje uma amiga me disse que eu sou "do tipo que perdoa mas não esquece".
E eu, que cismo com definições genéricas, fiquei pensando o que é, afinal, o tal perdão e o esquecimento.
Acabei chegando a uma conclusão: eu não sei perdoar. E como (in)felizmente o cara lá de cima me dotou com uma memória invejável, também não esqueço...
Talvez eu seja má.
Ou talvez eu seja apenas normal, vai saber...o fato é que essa definição de perdão e esquecimento não cabe no meu modus vivendi.
Eu sou do tipo que convive.
Consigo conviver com pessoas com falha de caráter, desde que não nocivas.
Convivo com gente perfeccionista, doida, chata, inteligente, problemática.
Se alguém pensa diferente de mim, se toma uma atitude com a qual eu não concordo, se resolve viver a vida de uma maneira esdrúxula, ok. Problema seu, se não torná-lo problema meu.
Mas se alguém me magoa, me trai, me ofende de forma inequívoca, a questão se torna maior, diferente, mais pessoal. E se depois disso, volta atrás e pede perdão?

Perdão, segundo definição do dicionário:
sm (de perdoar) 1 Remissão de uma culpa, dívida ou pena. 2 Indulgência. 3 Desculpa. 4 ant Romaria bretã.

Remissão de culpa. Significa que você está isentando aquela pessoa da culpa, ou seja, é como se nada tivesse acontecido. Nãããããooooo, acho que não consigo.
Indulgência. É quando tratamos um adulto como criança, sob a alegação de que não sabe o que faz, não tinha intenção. Hummmmmm....acho que também não.
Desculpa. Ops.

Não me entendam mal.
Eu acho que quem erra e se arrepende de verdade merece segunda chance. Mas não acho que mereçam que se finja que nada aconteceu e nem acho que eu seja capaz disso.
Mas sou capaz de conviver com o problema e jamais mencionar o assunto, não jogar piadinhas, não dar duplo sentido a coisas inocentes em função do que passou.
Sou capaz de acreditar que passou. Mas isso isenta de culpa, torna sem sentido o erro? Não.

Fica aqui uma pergunta: você perdoa, esquece ou convive?
Qual o seu grau de hipocrisia?


Janaína

Deixar de ser...

em 10 de outubro de 2011

Eu realmente não sou feita de deixar de ser.


Sou feita de ser.

E sou feita de estar, de querer, de fazer. Ainda que errado, difícil, impossível.

Sou feita de ser feliz, alegre, especial. Sou feita de ser chata, brigona, equivocada.

Sou feita de erros e acertos, de brigas e perdões, de gritos e sussuros.

Sou feita de sorrisos ocultos e tristezas abertas.

Sou feita de dores imensas e mágoas profundas, escondidas pela alegria cotidiana da qual também sou feita.

Sou feita da escolha diária pelo melhor, pelo tranqüilo, pelo que não dói.

Sou feita de necessidade de amor correspondido, de amizade sincera, de relação honesta. E de ciúmes e monopólio também.

Sou feita de doação e solicitação.

Sou feita de cobranças e de bênçãos.

Sou feita para um mundo que eu não conheço, que nem desejo.

Sou feita para pessoas que me amam e para quem eu não amo.

Sou feita para o desafio e para o habitual, sou feita para o básico e para o luxo.



Mas não sou feita para a traição, para a mesquinharia, para o ódio.

Não sou feita para a insegurança.

Não sou feita para deixar pra lá, para ignorar o que machuca, para fugir do confronto.

Não sou feita para coisas mal resolvidas.

Não sou feita de pensamento negativo, dúvidas internas, achismos errados.

Não sou feita de infelicidades, nem de oportunidades desperdiçadas.



Sou feita de vida simples e de Vida, aquela que a gente descobre quando olha pro céu enquanto vive a nossa vidinha de todo dia.

Sagrado

em 8 de outubro de 2011

O que é sagrado para você?
Sagrado, segundo definição do dicionário: o que é tornado santo, santificado, inviolável.

Algumas coisas são sagradas por fazerem parte da nossa fé, seja ela qual for:  uma pedra, um crucifixo, uma pulseira, um jarro de óleo, uma roupa, um espaço.
Outras, pelo significado particular: uma aliança, um presente, um cacho de cabelo.
Também o que existe como sentimento: o amor de uma mãe, a lágrima de um amigo, a confidência de um filho.
Há o juramento profissional de um médico, de um advogado, de um presidente.
Há ainda o ministério de um padre, pastor, líder espiritual.

Essas opções são um tanto genéricas, por serem sociais além de pessoais.
Porém, o sagrado habita em nós em pequenas coisas, pequenos rituais internos, sentimentos dedicados a algo ou alguém - e nem sempre nos damos conta disso.
O conceito de sagrado é pessoal, é íntimo.
O juramento público recitado no casamento talvez seja menos valioso do que o "eu estarei sempre ao seu lado" murmurado depois de uma noite observando o sono do filho.
O juramento de dizer sempre a verdade torna-se desnecessário quando esse compromisso é parte do caráter.
Algumas vezes, temos como sagrado um sentimento por alguém e isso não é recíproco, porém não se torna menos verdadeiro ou descartável, porque é uma opção nossa, interna, sem exigências.
Quantas vezes nos dedicamos, nos doamos, nos preocupamos e o outro lado toma isso como natural, sem avaliar o quanto de nós está ali, naquele sentimento.
Um gesto de carinho, uma visita inesperada, um perdão concedido: tudo isso pode ser sagrado, dependendo apenas de como é ofertado ou como é recebido. A dádiva de saber que existe alguém velando por nós no escuro torna o mesmo escuro menos denso, menos ameaçador.

Os nossos segredos, nossas dores íntimas, nossos mistérios: tudo isso é sagrado. E quando aceitamos alguém nesse "círculo" e deixamos que esse alguém partilhe dessas dores, essa comunhão se torna sagrada.
Não poderá ser destruída nem banalizada, ainda que o outro o faça. Esse momento fica marcado em nós de forma indelével.

Sagrado é o tornado santo. O que foi sacralizado. O que não é profano.
Sagrado é aquilo em que nos agarramos para não afundar.
Sagrado é o que está lá mesmo quando não vemos, é o sentimento que aquece, é a luz do coração que pulsa por nós.

Sagrado é o que nos comove, o que nos faz ser nós mesmos.




"A magnificência de um relacionamento sagrado se despedaça nos recifes dos conflitos egocêntricos triviais."


Deepak Chopra

Incrementando

em 6 de outubro de 2011

E não é que a gente vai tomando gosto pela coisa?
Já refiz, já mudei e ainda não fiquei satisfeita com o resultado final do blog.
Mas ainda estou aqui, o que já é alguma coisa.

Às vezes, minha cabeça se assemelha a essa imagem...porquê será?


Sofrer por sofrer

em 5 de outubro de 2011

Essa semana eu postei no Face sobre escolher por quem sofrer.
E li uma crônica postada por uma amiga, de autoria do dr. Dráuzio Varella, sobre sofrer por coisas pequenas, como quando alguém estaciona o carro colado ao seu e ao invés de entrar pela outra porta você fica reclamando, tornando o SEU dia pior.


Eu não vou dizer que sou dessas que relevam tudo, que acham que tudo é legal e vivem como a Poliana.
Eu acredito na felicidade. Mas tenho meus dias de mau humor, quando até o meu reflexo no espelho me aborrece, tudo parece um problemão e a comida mais gostosa fica insossa.
Felizmente são poucos. Em geral vivo no meio-termo, entrando pela porta lateral mas reclamando da demora no caixa do supermercado, deixando barato o mau atendimento na locadora e brigando com as crianças que deixaram brinquedos no chão.


Mas não é sobre isso que quero escrever.
É possível escolher pelo que sofrer, ou por quem sofrer?
Como é que se avalia quem vale a pena e quem não vale, como é que se sabe que aquela reclamação é mais justa ou necessária do que a outra?
O que nos faz atribuir valor emocional a uma pessoa ou situação?
O que cada um nos faz sentir de bom ou ruim, o que aquela pessoa traz de si, o que aquela situação nos agride. E isso é diferente para cada um, porque as nossas expectativas e alegrias são de formas diferentes.
Uma atitude que traga sofrimento para um é encarada com mais leveza por outro porque não traz a mesma carga emocional.
Uma mágoa vinda de um amigo pode parecer pior do que um fora do namorado, assim como um comentário grosseiro do seu amor te envergonha mais do que se um amigo o fizesse.


Não escolhemos de quem gostar.
Não temos culpa por gostar de pessoas/situações erradas, porque elas não nos parecem tão erradas assim.
Mas podemos escolher se vamos ou não sofrer por elas, uma vez que percebamos que não está funcionando.
Sofrer é opcional. Gostar não.




Jana

Ser uma Vaca

Comprei um livro chamado "Descubra sua Vaca Interior".
Não, não estou louca. Era um pacote de três livros, sendo que dois me interessavam - e assim eu me vejo proprietária do dito cujo. Como jamais deixei de tentar ler um livro que me caía nas mãos, me vejo lendo e rindo horrores com o que se intitula "Manual da mulher poderosa."
Em sintese, o livro diz que ser boazinha é uma furada e o melhor jeito de ser uma mulher poderosa é abrindo as portas do seu inferno interior e deixando sair os diabinhos da falta de educação, ou seja, se tornando uma Vaca, com V maiúsculo.
Ok, ok...o livro tem sacadas maravilhosas e me fez rolar de rir, mas tem muito exagero.
E daí, infelizmente, começa o raciocínio.


Não que eu tenha alguma simpatia especial por mulheres boazinhas (ou pessoas em geral, mas mulheres assim são muito chatas). Mas definitivamente não é necessário ser uma vaca grosseira, sem a menor educação ou paciência para ser poderosa.
Também não conheço mulher poderosa e boazinha, o que me faz pensar que a autora do livro tem lá suas razões....a questão é o equilíbrio entre a liberdade de se dizer e viver o que quiser e a grosseria de esfregar nossas escolhar na cara dos outros.
Eu acho Metallica chato a beça, mas meu marido gosta. Portanto, eu leio meus e-mails quando ele vê o show. Eu adorei o bafão Ivete vs Claudia - e tive que desenhar para ele a explicação do caso.
Eu acredito piamente que estou mais para Vaca do que para boazinha.
A Vaca tem seus direitos respeitados na fila do caixa, a boazinha cede a vez e perde tempo; a Vaca vai ao cinema, teatro, shopping sem precisar de outra companhia além dela mesma - a boazinha fica em casa, atendendo a amiga chata e deprimida no telefone.
Talvez a boazinha vá para o Céu das Boazinhas. Mas a Vaca vai para onde quiser, quando quiser, com quem quiser. Ela só erra ao deixar tudo isso muito claro, por achar que os outros têm que aceitar isso - aliás, o resto do mundo não deveria nem estar interessado na informação.


A Vaca é legal, divertida, ousada. Mas também é egocêntrica ao achar que as suas escolhas estão sendo avaliadas e observadas.
O mundo não está tão interessado assim em ninguém. Seja você uma vaca ou uma boazinha, as pessoas se importam na medida das suas próprias necessidades, até o ponto que suas escolhas não interfiram no mundinho particular de cada um.
A amiga boazinha resolve seus problemas, mas a Vaca é alegre, te coloca pra cima.
Portanto, acorde um dia Vaca, no outro se permita ser boazinha.


Isso é ser Mulher.

Vontade que dá e passa

em 4 de outubro de 2011

Estranho esse ditado que tenta nos convencer que vontade dá e passa.
Como assim?
Minhas vontades não passam, aumentam, crescem, pioram, melhoram, sei lá. Mas nunca passam, no máximo mudam um pouco, se tornam mais fáceis, mais possíveis...mas a vontade do impossível permanece lá, escondida nas frestas do meu dia-a-dia, esperando uma folga, um sono, um momento de descontração para aparecer e me perguntar: E eu, onde fico?
Quem nunca desejou o impossível não sabe o que realmente sonhar.
Sonhar com um fim de semana de sol não é o mesmo que sonhar em tomar chá com a Rainha; vai acabar acontecendo, se não for esse fim de semana, será o outro. Mas a gente, em terras tupiniquins, nem rainha tem! E tome de sonhar em pegar um vôo para Londres, imaginar a roupa que vamos usar, ai, será que esse sapato é apropriado? E lá vamos nós, sem saber mais do que um good morning, sonhando com uma conversa de comadre com a velha lady.
Esquisita, eu?
Nem tanto, só um pouco extravagante e bastante doida.
Mas no fundo, sonhar com o dia de folga não é o mesmo que fazer planos com os milhões da Mega-sena.
Talvez seja tempo perdido...mas talvez seja um exercício da alegria, do prazer de se imaginar sem limites nem amarras, fazendo real aquele sonho louco, aquele delírio que nem é de consumo: é de Vida.

Espelho

em 23 de maio de 2011

Quem sou eu...
Sou a menina que nunca cresceu, que olha a vida com olhos maravilhados e espreita a chance de fazer mais uma travessura...a menina que se delicia com um dia de sol, que canta sozinha e que confia em si mesma.
Sou a adolescente ansiosa, rebelde, consciente, com vontade própria e completamente apaixonada.
Sou a mulher que fez o que foi possível, que confiou no seu taco, que fez escolhas erradas e assumiu as consequências, mas que acertou muito mais que errou, mostrando que quem se conhece não se engana.
Sou a pessoa que aprendeu que felicidade é um estado de espírito, que tem muito pouco a ver com conquistas e tudo a ver com talento pra isso.
Sou alguém que construiu um mundo para si mesma, onde existe amor, união, felicidade e muito respeito. Também existem problemas, mas existe uma vontade enorme de fazer dar certo.
Eu valorizo minha vida, amo minha família, não sei viver sem meus amigos, não consigo não tomar conta de tudo.
Adoro: alegria, mar, sobremesa, abraços sinceros, orixás, livros, sofá confortável, música, banho quente, beijo de verdade, noticias boas, piadas internas,areia da praia, fotos engraçadas, cheirinho dos meus filhos, velhos amigos, roupas novas, revistas idiotas, sol nascendo, comida bem quente.... eu adoro tanta coisa!
E mais do que isso: eu tenho o prazer inenarrável de ter tudo isso.
Sou feliz, por vontade e por necessidade!
Construí uma vida, venci obstáculos, superei derrotas, conquistei alegrias.
Como?
Eu tenho amigos.
Amigos que são meus e dos quais eu sou deles, para tudo e para qualquer coisa.
Minha dádiva: meus amigos.
Amigos daqui e de lá, que são e que estão.
Amigos que me olham e eu não os vejo.
Amigos que me acalentam quando eu nem sei que preciso de colo.
Amigos que me permitem.
Amigos que nem me conhecem, mas nos reconhecemos.
Amigos mais que amigos, irmãos de coração, de lágrimas, de vento, de águas.
Meus amigos me conservam eu mesma, seguram minha mão no desespero e pulam nas minhas alegrias.
Meus irmãos da vida me aconselham, me cuidam, me sacaneiam, implicam....e me amam.
E no final, é isso que importa...quem são seus amigos.

Eu sou dessas!

em 13 de maio de 2011

Eu descobri que sou "dessas".
Dessas que amam com vontade e disposição; das que se dedicam; dessas que se magoam; dessas que são inteiras e intensas.
Sou das que acham um desperdício não ser feliz, das que agradecem por tudo que têm e sabem dar valor a isso.
Sou dessas que se acabam numa pista de dança e acabam com uma panela de brigadeiro. E dessas que comem só alface pra compensar depois.
Sou dessas que deram sorte na vida e encontraram um bom parceiro, companheiro, marido; mas sou dessas que não acham que o jogo tá ganho e continuam defendendo o seu lado!
Sou dessas que batem na mesa e fazem escândalo; dessas que topam a parada e compram a briga. E sou dessas que choram escondido, que curtem a fossa e vivem a tristeza até o fim.
Sou dessas que acreditam que têm algo mais a fazer, dessas que acham que podem melhorar sempre, dessas que não se conformam.
Sou dessas que se interessam por tudo e por nada, que se metem na vida dos outros, que sempre tem razão.
Sou dessas que não decidem entre short ou vestidinho, entre carne ou frango no bufê.
Sou dessas que amam demais e de menos, que se entregam demais e cobram demais, mas dessas que param pra pensar e tiram o time de campo sem dó.
Sou dessas que não acreditam integralmente no seu valor, embora disfarcem muito bem. Sabem, dessas que têm mais talento pra atriz do que autoestima?
Pois é, sou dessas mesmo.
Sou dessas que gostam de cachorro-quente de barraca, de samba bom até em lugar ruim, dessas que dança funk e amam dança de salão.
Sou dessas que odeiam burrice, que não têm paciência pra firula e que acham a vida acontece, não dá pra perder tempo pensando nela.
Sou dessas e não me envergonho, sou dessas mesmo, de verdade, sem falso moralismo e falsa modéstia, porque sou dessas que não sabem o que é isso.
E sou dessas que gostam, que não se envergonham, que tem orgulho do que é: uma DESSAS!



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Capítulo: Solidão

em 28 de abril de 2011

Hoje eu nem quero desabafar, quero só descansar a cabeça.
E para isso às vezes é preciso esvaziar a mente, deixar sair o excesso e criar espaço para o novo - nem que seja só um novo silêncio, um novo vazio, um novo nada.
Nessas horas que os pensamentos se tumultuam, que as decisões se acumulam e as opções não nos deixam optar, pela sua própria versatilidade exagerada, é preciso parar e deixar o tempo colocar as coisas nos seus devidos lugares. É uma pausa forçada, uma respirada longa antes de afundar a cabeça de novo.

Loucura? Maybe.
Talvez apenas cansaço, apenas uma necessidade de solidão - essa palavra tão execrada para um sentimento tão necessário, tão essencial, tão interno.
Eu, confesso, sou uma pessoa naturalmente solitária.
Aí, depois de uma declaração dessas, aparece meio mundo dizendo que não é possível, que eu vivo cercada de gente, que tenho família grande, que tenho filhos (o antídoto básico contra solidão)....e eu posso tranquilamente responder: nada disso me faz menos solitária. E minha solidão não me faz infeliz.
Vou tentar explicar, embora seja difícil colocar em palavras essa sensação de estar rodeada e sozinha, de ser popular e solitária.
Eu não me sinto mal sozinha, tenho prazer na minha companhia, acho uma delícia ficar em silêncio, gosto de curtir minha casa sem ninguém.
Também gosto de uma boa conversa, de uma festa, de receber amigos e brincar com meus filhos.
Contraditória, eu? MUITO. Mas sã, pelo menos na minha forma de ver.

Preciso de um pouco de espaço, nem que seja interno.
Preciso me dar ao luxo de não ter que sorrir e ser agradável, de não socializar, de não responder perguntas, de ler um livro sem parar, de ver um filme sem me mover na poltrona.
É claro que isso não é frequente, é claro que eu não abandono os meus para ficar sozinha trancada no quarto escuro. Não sou louca, gente. Sou só esquisita.
Essa vontade aperta nos dias após algum acontecimento importante, seja bom ou ruim. Depois de contornar uma crise, de ganhar uma batalha, de fazer alguma coisa difícil ou de um desgaste físico. Sou daquelas que gosta de ficar só até doente.

Como na minha rotina atual é um tanto quanto problemático ficar sozinha, aproveito meus míseros minutos na volta da escola, depois de deixar as crianças; na fuga até o mercado enquanto a caçula dorme; nos minutos roubados de madrugada, após acordar para amamentar.
Nesses momentos, tenho meu mundo ilusório, mudo de vida numa respiração e crio asas....
São os alicerces da minha força, para no dia seguinte carregar minhas responsabilidades e vencer minhas batalhas.

Solidão.
Eu gosto.

Envelhecendo

em 16 de abril de 2011

Semana que vem, minha mãe faz aniversário - 56 anos. E eu me peguei pensando: Nossa, mamãe tá envelhecendo. E logo depois: Eu também!
Como assim, eu estou envelhecendo?
Quando foi que eu permiti que meus cabelos ficassem brancos, que minhas coisas favoritas saíssem de moda, quando foi que eu comecei a dizer "na minha época"?
Tenho 34 anos, marido e três filhos.
Não posso envelhecer.
Como é que não vou mais poder sentar no colo do meu marido e curtir carinhos, rindo das nossas bobagens?
E ficar juntinho, falando da vida, nossos códigos e piadas internas...
Como posso envelhecer, se tenho tanta vida pela frente? Quem envelhece tendo tanta coisa pra fazer com os filhos?
Eda vai fazer 15 anos, vai namorar escondido do pai, vai aprender a dirigir, vai sofrer por amor...e vai pra faculdade, ai meu deus, minha filhinha!
Pietro vai arrumar confusão com os amigos, vai passar no vestibular, vai sair sozinho pela primeira vez, vai me apresentar a primeira namorada, vai comprar Playboy e o primeiro carro...e eu nisso?
E minha Gio?
Meu bebê tão novinho, tenho tanto que fazer com ela!
Ensinar a andar, a falar, a comer, a viver...quem pode envelhecer assim?
Não, Vida, não dá. Não tenho tempo pra envelhecer. Preciso de tempo nos meus dias, tenho uma família maravilhosa pra curtir.
Tenho mãe, irmão, sogra, marido, filhos. Tenho amigos. Tenho gente que eu amo e que me ama, gente que precisa de mim e de quem eu preciso.

Ó Vida...tô aqui. Sem envelhecer, vendo o tempo chegar e passar, tá?

Minha terapia caseira

em 4 de abril de 2011

Hoje quero falar de dádivas...de presentes...de afeto incondicional...de responsabilidade.

Filhos.
Os meus são especiais porque são meus, claro!
É com eles que eu vivo e convivo, com eles eu ensino e aprendo. É impressionante como a gente se dá conta do que é a construção da personalidade de um ser humano, como é que formam os valores e alicerces de alguém.

Eda é totalmente diferente do Pietro.
Onde ela é elétrica, ele é devagar. Onde ela é participativa, ele é preguiçoso.
Onde ela é curiosa ele também é!

São maravilhosos, são espertos, são inteligentes. Aliás, às vezes são inteligentes demais...o que me mata de orgulho!

São o amor da vida, minha âncora, meu chão.

Lealdade

em 23 de março de 2011

O que será ?
Será um sentimento ou um entendimento?
É apenas um nome diferente para fidelidade? Ou nada a ver?

Não existe fidelidade sem lealdade, mas é bem possível existir lealdade sem fidelidade.
A fidelidade implica em dever e compromisso- mas em relação ao "outro".
A lealdade é interna, é individual.
É uma escolha baseada no sentimento e não no dever.
É impossível cobrar fidelidade em qualquer relacionamento que não seja o amoroso - parceiros, maridos/esposas, companheiros, namorados. É só na relação romântica que existe a fidelidade, já que somos uma sociedade essencialmente monogâmica (???).
Porém, é possível - e eu diria necessário - existir lealdade em todos os outros relacionamentos, por mais simples e impessoais que sejam.
A lealdade é o compromisso com a verdade.
Se o seu colega de trabalho não passa os recados do seu cliente, mas passa pra outro colega, isso é ser desleal.
Se a sua empregada falta pra fazer um bico e diz que estava doente, é desleal.
Se seu filho diz que está na escola e foi pro shopping jogar Playstation, é desleal.
Quando a sua sogra  passa a receita errada do bolo, é desleal.
Um amigo querido que abandona você no meio da crise - deslealdade pura.
Em nenhum desses exemplos é exigido fidelidade. Não são relacionamentos onde isso possa existir.
Mas a lealdade é indispensável.

Lealdade implica em ter cuidado com a outra pessoa.
Cuidar nem sempre significa cuidado físico: é um cuidado emocional, ético, uma preocupação moral.
Ser leal é se manter ao lado daquela pessoa, cumprindo a sua parte no acordo tácito e fazendo o seu melhor.
Até para colocar um fim em uma relação, qualquer que seja, é necessário lealdade: para admitir que vai trabalhar em outro lugar, que vai ser promovido no lugar da sua colega, que vai se mudar e deixar a proprietária na mão, que vai trocar de trajeto e não pode mais dar carona.

Lealdade, no fim das contas, tem a ver com comprometimento.
E isso não há fidelidade que pague.

Mulher de salto

em 17 de março de 2011

Gente, esse texto é umas coisas mais cativantes que li nos últimos tempos.
É de autoria da minha amiga de Águas, Nany Vieira, que é uma mulher de extrema sensibilidade.
Preciso dividir isso com vocês...


"O que é ser uma mulher de salto?

É ver a vida sempre mais de cima e ainda assim se importar com as pequenas coisas como os cascalhos e as infelizes pedrinhas portuguesas.
Uma mulher de salto não corre pra todo e qualquer lugar, ela sabe o custo e o sacrifício empreendido neste esforço. Então, assim, ela escolhe bem os caminhos a percorrer e, melhor ainda, quais são as corridas que valem a pena na vida.
Ela sabe que nem toda dorzinha se transforma naquela bolha que arrasa nosso pé e pode deixar marcas. Algumas dores são suportáveis, outras não, e se a dor for grande, então temos que trocar de sapato ou nunca mais usar aquele, ele não nos serve, não adianta insistir a não ser que o propósito seja o prazer sádico de nos machucar.
Ser uma mulher de salto ensina a ter paciência, traz sabedoria. É ser alguém de passo cadenciado e altivo, muito certa de para onde ir e como ir.

É saber descartar os desgastes denecessários de andar com um sapato apertado, tais como as pessoas ou situações que nos sugam e não nos oferecem nenhum conforto ou alento. Aquelas pessoas que não dão nem um lenço quando estamos nos debulhando em lágrimas, nem emprestam o ouvido quando estamos sofrendo por algum mal que nem sabemos direito qual é.


É saber que longas caminhadas só valem a pena se tivermos boas e firmes companhias, pois em algum momento precisaremos de ajuda ou teremos que nos sentir à vontade para descer do salto.


É um aprendizado de auto valorização, é nunca mais ter que pensar numa roupa mirabolante para chamar atenção para si e saber que todos notam nossa presença. Mulher de salto anda e faz barulho gente! Ela já chama atenção antes mesmo de aportar em seu destino. É mulher que cria a expectativa de sua chegada, se estiver perfumada então... Mas esse, o perfume, já é outro capitulo, outro aprendizado...


Aprender a ser uma mulher de salto é exercitar o auto-controle, é ter equilíbrio, é perder a cabeça sem perder a pose, é aprender a fazer escolhas. Pois uma mulher de salto sabe o quanto suas pernas doem ao fim do dia para se manter de pé, então, ela precisa saber caminhar confortavelmente ou pelo menos o mais próximo disso.
É descartar as coisas superficiais e ir atrás do que realmente merece e lhe dá prazer.


É ser confiante, ter auto estima, é ficar no foco, se respeitar, é saber exatamente o que quer, mesmo quando não queremos nada.
Quantos aprendizados, quantas reflexões e tudo isso só por descobrir que é bem melhor andar no asfalto firme do que sobre paralelepípedos.
E isso me ajuda a compreender a diferença que determina uma boa ou má escolha."

Nany



Fala sério...o que é essa mulher?
Salto já!

Expectativas

em 15 de março de 2011

Decepção - opinião do dicionário
s. f.1. Ilusão perdida.


2. Desapontamento.


3. Malogro de uma esperança.


4. Desilusão.

Todas as definições de baseiam na existência de uma ilusão, de uma esperança.

E quando não é ilusão, ou pelo menos não achávamos que fosse?
E quando é a morte de uma situação real, de um sentimento real, de algo que existia?

Todos nós temos expectativas em relação às pessoas. Cada relacionamento, seja de trabalho, de amizade, de coleguismo (odeio essa palavra! mesmo!), de amor, de convivência - todos existem em função de expectativas geradas.
Quando vamos a uma entrevista de emprego, criamos a expectativa não apenas em ser aceito, mas na vida que vamos levar após ter conseguido o emprego.
Quando iniciamos um namoro, criamos toda uma expectativa em relação ao futuro: passeios, momentos, viagens, alegrias.
É claro que algumas expectativas jamais se tornam realidade, mas nem por isso gera frustração, porque sabemos que são expectativas, sonhos, desejos, ilusões.

A frustração acontece na hora que a expectativa encontra eco:
- Amor, vamos viajar pra Búzios no fim de semana?
- Claro, pode reservar a pousada...
Dois dias depois:
- Amor, você pode separar meu uniforme de futebol? Tem jogo esse sábado.
- Ué, mas nós vamos a Búzios!
- Ah, não vai dar...

Daí, a frustração.
Porque além da expectativa houve um retorno, uma confirmação.
Houve um movimento de resposta, que tira a expectativa do campo ilusório e dá a ela contornos de realidade.

É quando a ilusão ganha o status de "possibilidade real".
A possibilidade real é o título de um sonho em andamento: a reserva feita, a entrevista bem sucedida, a passagem comprada, a presença confirmada, o empréstimo pré-aprovado pelo banco.
Ainda não aconteceu, mas já houve um retorno.
E quando a possibilidade não acontece, a frustação é enorme, pesa e causa tristeza duplicada: pelo sonho, pelo  anseio e pela confiança desperdiçada.

A confiança desperdiçada é o ápice do sofrimento, em relação a expectativas e possibilidades.
Porque para existir confiança, é necessário um relacionamento já estabelecido; é preciso que tenha havido um retorno, uma confirmação.

Por isso dói.

Nostalgia

em 14 de março de 2011

Acabei de mexer em uma caixa antiga e me peguei olhando uma foto perdida lá.
Na foto, uma jovem mulher, com seus dezessete anos, olha para a câmera num misto de timidez e desafio, com os cabelos ocultando parte do rosto e um livro nas mãos.
Jovem, muito jovem...

Meu coração se encheu de um misto de ternura e saudade, uma nostalgia infinita...
Ao fundo da foto, percebe-se um grupo de pessoas - uma reunião familiar? - mas o livro nas mãos denota seu desejo irreprimível de isolamento, sua fuga constante para um mundo só seu, onde ela estava no controle dos acontecimentos e sonhos e a realidade era convidada, não habitante.
Senti saudade dela; senti um afeto enorme pela menina-moça, pelo projeto de mulher que ela era.
O medo de não agradar, o tédio mortal das coisas cotidianas, os planos mirabolantes, a força do primeiro e único amor (?) correndo nas veias, os hormônios gritando, a não-aceitação também.

Onde está essa menina?
Onde ela foi enterrada, oculta, aprisionada?
Sob quantas camadas de um verniz fétido chamado cotidiano, debaixo das vigas da realidade, atrás das paredes das obrigações de gente grande...

Suspiro e procuro, lá no fundinho do meu ser...e percebo que ela ainda existe!
Na capacidade de renascer, de recomeçar, de levantar de novo a cabeça e desafiar o mundo.
Na vontade insana de ser feliz independe das resoluções contrárias.
No profundo conhecimento de si mesma.
Na sua força, na sua fé na vida, na sua risada solta, no choro incontido - é lá que eu a encontro.

E fico feliz, imensamente feliz, em perceber que tenho orgulho do que essa menina se tornou...

Cansada!

em 28 de fevereiro de 2011

Ultimamente, me sinto muito cansada.
Cansada de vida e de mortes, de assuntos batidos e rebatidos, de presenças e de ausências.
Tô cansada mesmo é de mim: das minhas escolhas, das minhas neurastenias, de ficar achando culpas para uns e desculpas para outros.
Viver no fio da navalha me cansa...
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