Nostalgia

em 14 de março de 2011

Acabei de mexer em uma caixa antiga e me peguei olhando uma foto perdida lá.
Na foto, uma jovem mulher, com seus dezessete anos, olha para a câmera num misto de timidez e desafio, com os cabelos ocultando parte do rosto e um livro nas mãos.
Jovem, muito jovem...

Meu coração se encheu de um misto de ternura e saudade, uma nostalgia infinita...
Ao fundo da foto, percebe-se um grupo de pessoas - uma reunião familiar? - mas o livro nas mãos denota seu desejo irreprimível de isolamento, sua fuga constante para um mundo só seu, onde ela estava no controle dos acontecimentos e sonhos e a realidade era convidada, não habitante.
Senti saudade dela; senti um afeto enorme pela menina-moça, pelo projeto de mulher que ela era.
O medo de não agradar, o tédio mortal das coisas cotidianas, os planos mirabolantes, a força do primeiro e único amor (?) correndo nas veias, os hormônios gritando, a não-aceitação também.

Onde está essa menina?
Onde ela foi enterrada, oculta, aprisionada?
Sob quantas camadas de um verniz fétido chamado cotidiano, debaixo das vigas da realidade, atrás das paredes das obrigações de gente grande...

Suspiro e procuro, lá no fundinho do meu ser...e percebo que ela ainda existe!
Na capacidade de renascer, de recomeçar, de levantar de novo a cabeça e desafiar o mundo.
Na vontade insana de ser feliz independe das resoluções contrárias.
No profundo conhecimento de si mesma.
Na sua força, na sua fé na vida, na sua risada solta, no choro incontido - é lá que eu a encontro.

E fico feliz, imensamente feliz, em perceber que tenho orgulho do que essa menina se tornou...

2 comentários:

  1. engraçado como somos parecidas... escrevi uma coisa semelhante em um dos post do meu blog que hj está abandonado... http://caufischer.zip.net/
    passa lá. bjoks

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  2. Nóóó...eu andei esbarrando com um moleque dia desses... Lindo, cabeludo, saudável...cheio de sonhos...tão diferente do homem.

    O homem, embora feliz com o ser, chora diariamente de saudade do moleque. O peso que o homem carrega..tão escondido no fundo de cada célula, dói e faz crescer a saudade do menino que vivia pendurado na goiabeira no fundo do quintal, pés descalços, sujos de barro e folhas secas, cabelo preto, cortinando os olhos tb muito pretos, assustados...moleque que criava histórias de heróis...pra suprir a ausência de quem deveria ser o seu herói..
    é...saudades..

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