O que é perdão?

em 26 de outubro de 2011

Hoje uma amiga me disse que eu sou "do tipo que perdoa mas não esquece".
E eu, que cismo com definições genéricas, fiquei pensando o que é, afinal, o tal perdão e o esquecimento.
Acabei chegando a uma conclusão: eu não sei perdoar. E como (in)felizmente o cara lá de cima me dotou com uma memória invejável, também não esqueço...
Talvez eu seja má.
Ou talvez eu seja apenas normal, vai saber...o fato é que essa definição de perdão e esquecimento não cabe no meu modus vivendi.
Eu sou do tipo que convive.
Consigo conviver com pessoas com falha de caráter, desde que não nocivas.
Convivo com gente perfeccionista, doida, chata, inteligente, problemática.
Se alguém pensa diferente de mim, se toma uma atitude com a qual eu não concordo, se resolve viver a vida de uma maneira esdrúxula, ok. Problema seu, se não torná-lo problema meu.
Mas se alguém me magoa, me trai, me ofende de forma inequívoca, a questão se torna maior, diferente, mais pessoal. E se depois disso, volta atrás e pede perdão?

Perdão, segundo definição do dicionário:
sm (de perdoar) 1 Remissão de uma culpa, dívida ou pena. 2 Indulgência. 3 Desculpa. 4 ant Romaria bretã.

Remissão de culpa. Significa que você está isentando aquela pessoa da culpa, ou seja, é como se nada tivesse acontecido. Nãããããooooo, acho que não consigo.
Indulgência. É quando tratamos um adulto como criança, sob a alegação de que não sabe o que faz, não tinha intenção. Hummmmmm....acho que também não.
Desculpa. Ops.

Não me entendam mal.
Eu acho que quem erra e se arrepende de verdade merece segunda chance. Mas não acho que mereçam que se finja que nada aconteceu e nem acho que eu seja capaz disso.
Mas sou capaz de conviver com o problema e jamais mencionar o assunto, não jogar piadinhas, não dar duplo sentido a coisas inocentes em função do que passou.
Sou capaz de acreditar que passou. Mas isso isenta de culpa, torna sem sentido o erro? Não.

Fica aqui uma pergunta: você perdoa, esquece ou convive?
Qual o seu grau de hipocrisia?


Janaína

Deixar de ser...

em 10 de outubro de 2011

Eu realmente não sou feita de deixar de ser.


Sou feita de ser.

E sou feita de estar, de querer, de fazer. Ainda que errado, difícil, impossível.

Sou feita de ser feliz, alegre, especial. Sou feita de ser chata, brigona, equivocada.

Sou feita de erros e acertos, de brigas e perdões, de gritos e sussuros.

Sou feita de sorrisos ocultos e tristezas abertas.

Sou feita de dores imensas e mágoas profundas, escondidas pela alegria cotidiana da qual também sou feita.

Sou feita da escolha diária pelo melhor, pelo tranqüilo, pelo que não dói.

Sou feita de necessidade de amor correspondido, de amizade sincera, de relação honesta. E de ciúmes e monopólio também.

Sou feita de doação e solicitação.

Sou feita de cobranças e de bênçãos.

Sou feita para um mundo que eu não conheço, que nem desejo.

Sou feita para pessoas que me amam e para quem eu não amo.

Sou feita para o desafio e para o habitual, sou feita para o básico e para o luxo.



Mas não sou feita para a traição, para a mesquinharia, para o ódio.

Não sou feita para a insegurança.

Não sou feita para deixar pra lá, para ignorar o que machuca, para fugir do confronto.

Não sou feita para coisas mal resolvidas.

Não sou feita de pensamento negativo, dúvidas internas, achismos errados.

Não sou feita de infelicidades, nem de oportunidades desperdiçadas.



Sou feita de vida simples e de Vida, aquela que a gente descobre quando olha pro céu enquanto vive a nossa vidinha de todo dia.

Sagrado

em 8 de outubro de 2011

O que é sagrado para você?
Sagrado, segundo definição do dicionário: o que é tornado santo, santificado, inviolável.

Algumas coisas são sagradas por fazerem parte da nossa fé, seja ela qual for:  uma pedra, um crucifixo, uma pulseira, um jarro de óleo, uma roupa, um espaço.
Outras, pelo significado particular: uma aliança, um presente, um cacho de cabelo.
Também o que existe como sentimento: o amor de uma mãe, a lágrima de um amigo, a confidência de um filho.
Há o juramento profissional de um médico, de um advogado, de um presidente.
Há ainda o ministério de um padre, pastor, líder espiritual.

Essas opções são um tanto genéricas, por serem sociais além de pessoais.
Porém, o sagrado habita em nós em pequenas coisas, pequenos rituais internos, sentimentos dedicados a algo ou alguém - e nem sempre nos damos conta disso.
O conceito de sagrado é pessoal, é íntimo.
O juramento público recitado no casamento talvez seja menos valioso do que o "eu estarei sempre ao seu lado" murmurado depois de uma noite observando o sono do filho.
O juramento de dizer sempre a verdade torna-se desnecessário quando esse compromisso é parte do caráter.
Algumas vezes, temos como sagrado um sentimento por alguém e isso não é recíproco, porém não se torna menos verdadeiro ou descartável, porque é uma opção nossa, interna, sem exigências.
Quantas vezes nos dedicamos, nos doamos, nos preocupamos e o outro lado toma isso como natural, sem avaliar o quanto de nós está ali, naquele sentimento.
Um gesto de carinho, uma visita inesperada, um perdão concedido: tudo isso pode ser sagrado, dependendo apenas de como é ofertado ou como é recebido. A dádiva de saber que existe alguém velando por nós no escuro torna o mesmo escuro menos denso, menos ameaçador.

Os nossos segredos, nossas dores íntimas, nossos mistérios: tudo isso é sagrado. E quando aceitamos alguém nesse "círculo" e deixamos que esse alguém partilhe dessas dores, essa comunhão se torna sagrada.
Não poderá ser destruída nem banalizada, ainda que o outro o faça. Esse momento fica marcado em nós de forma indelével.

Sagrado é o tornado santo. O que foi sacralizado. O que não é profano.
Sagrado é aquilo em que nos agarramos para não afundar.
Sagrado é o que está lá mesmo quando não vemos, é o sentimento que aquece, é a luz do coração que pulsa por nós.

Sagrado é o que nos comove, o que nos faz ser nós mesmos.




"A magnificência de um relacionamento sagrado se despedaça nos recifes dos conflitos egocêntricos triviais."


Deepak Chopra

Incrementando

em 6 de outubro de 2011

E não é que a gente vai tomando gosto pela coisa?
Já refiz, já mudei e ainda não fiquei satisfeita com o resultado final do blog.
Mas ainda estou aqui, o que já é alguma coisa.

Às vezes, minha cabeça se assemelha a essa imagem...porquê será?


Sofrer por sofrer

em 5 de outubro de 2011

Essa semana eu postei no Face sobre escolher por quem sofrer.
E li uma crônica postada por uma amiga, de autoria do dr. Dráuzio Varella, sobre sofrer por coisas pequenas, como quando alguém estaciona o carro colado ao seu e ao invés de entrar pela outra porta você fica reclamando, tornando o SEU dia pior.


Eu não vou dizer que sou dessas que relevam tudo, que acham que tudo é legal e vivem como a Poliana.
Eu acredito na felicidade. Mas tenho meus dias de mau humor, quando até o meu reflexo no espelho me aborrece, tudo parece um problemão e a comida mais gostosa fica insossa.
Felizmente são poucos. Em geral vivo no meio-termo, entrando pela porta lateral mas reclamando da demora no caixa do supermercado, deixando barato o mau atendimento na locadora e brigando com as crianças que deixaram brinquedos no chão.


Mas não é sobre isso que quero escrever.
É possível escolher pelo que sofrer, ou por quem sofrer?
Como é que se avalia quem vale a pena e quem não vale, como é que se sabe que aquela reclamação é mais justa ou necessária do que a outra?
O que nos faz atribuir valor emocional a uma pessoa ou situação?
O que cada um nos faz sentir de bom ou ruim, o que aquela pessoa traz de si, o que aquela situação nos agride. E isso é diferente para cada um, porque as nossas expectativas e alegrias são de formas diferentes.
Uma atitude que traga sofrimento para um é encarada com mais leveza por outro porque não traz a mesma carga emocional.
Uma mágoa vinda de um amigo pode parecer pior do que um fora do namorado, assim como um comentário grosseiro do seu amor te envergonha mais do que se um amigo o fizesse.


Não escolhemos de quem gostar.
Não temos culpa por gostar de pessoas/situações erradas, porque elas não nos parecem tão erradas assim.
Mas podemos escolher se vamos ou não sofrer por elas, uma vez que percebamos que não está funcionando.
Sofrer é opcional. Gostar não.




Jana

Ser uma Vaca

Comprei um livro chamado "Descubra sua Vaca Interior".
Não, não estou louca. Era um pacote de três livros, sendo que dois me interessavam - e assim eu me vejo proprietária do dito cujo. Como jamais deixei de tentar ler um livro que me caía nas mãos, me vejo lendo e rindo horrores com o que se intitula "Manual da mulher poderosa."
Em sintese, o livro diz que ser boazinha é uma furada e o melhor jeito de ser uma mulher poderosa é abrindo as portas do seu inferno interior e deixando sair os diabinhos da falta de educação, ou seja, se tornando uma Vaca, com V maiúsculo.
Ok, ok...o livro tem sacadas maravilhosas e me fez rolar de rir, mas tem muito exagero.
E daí, infelizmente, começa o raciocínio.


Não que eu tenha alguma simpatia especial por mulheres boazinhas (ou pessoas em geral, mas mulheres assim são muito chatas). Mas definitivamente não é necessário ser uma vaca grosseira, sem a menor educação ou paciência para ser poderosa.
Também não conheço mulher poderosa e boazinha, o que me faz pensar que a autora do livro tem lá suas razões....a questão é o equilíbrio entre a liberdade de se dizer e viver o que quiser e a grosseria de esfregar nossas escolhar na cara dos outros.
Eu acho Metallica chato a beça, mas meu marido gosta. Portanto, eu leio meus e-mails quando ele vê o show. Eu adorei o bafão Ivete vs Claudia - e tive que desenhar para ele a explicação do caso.
Eu acredito piamente que estou mais para Vaca do que para boazinha.
A Vaca tem seus direitos respeitados na fila do caixa, a boazinha cede a vez e perde tempo; a Vaca vai ao cinema, teatro, shopping sem precisar de outra companhia além dela mesma - a boazinha fica em casa, atendendo a amiga chata e deprimida no telefone.
Talvez a boazinha vá para o Céu das Boazinhas. Mas a Vaca vai para onde quiser, quando quiser, com quem quiser. Ela só erra ao deixar tudo isso muito claro, por achar que os outros têm que aceitar isso - aliás, o resto do mundo não deveria nem estar interessado na informação.


A Vaca é legal, divertida, ousada. Mas também é egocêntrica ao achar que as suas escolhas estão sendo avaliadas e observadas.
O mundo não está tão interessado assim em ninguém. Seja você uma vaca ou uma boazinha, as pessoas se importam na medida das suas próprias necessidades, até o ponto que suas escolhas não interfiram no mundinho particular de cada um.
A amiga boazinha resolve seus problemas, mas a Vaca é alegre, te coloca pra cima.
Portanto, acorde um dia Vaca, no outro se permita ser boazinha.


Isso é ser Mulher.

Vontade que dá e passa

em 4 de outubro de 2011

Estranho esse ditado que tenta nos convencer que vontade dá e passa.
Como assim?
Minhas vontades não passam, aumentam, crescem, pioram, melhoram, sei lá. Mas nunca passam, no máximo mudam um pouco, se tornam mais fáceis, mais possíveis...mas a vontade do impossível permanece lá, escondida nas frestas do meu dia-a-dia, esperando uma folga, um sono, um momento de descontração para aparecer e me perguntar: E eu, onde fico?
Quem nunca desejou o impossível não sabe o que realmente sonhar.
Sonhar com um fim de semana de sol não é o mesmo que sonhar em tomar chá com a Rainha; vai acabar acontecendo, se não for esse fim de semana, será o outro. Mas a gente, em terras tupiniquins, nem rainha tem! E tome de sonhar em pegar um vôo para Londres, imaginar a roupa que vamos usar, ai, será que esse sapato é apropriado? E lá vamos nós, sem saber mais do que um good morning, sonhando com uma conversa de comadre com a velha lady.
Esquisita, eu?
Nem tanto, só um pouco extravagante e bastante doida.
Mas no fundo, sonhar com o dia de folga não é o mesmo que fazer planos com os milhões da Mega-sena.
Talvez seja tempo perdido...mas talvez seja um exercício da alegria, do prazer de se imaginar sem limites nem amarras, fazendo real aquele sonho louco, aquele delírio que nem é de consumo: é de Vida.
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