O que será ?
Será um sentimento ou um entendimento?
É apenas um nome diferente para fidelidade? Ou nada a ver?
Não existe fidelidade sem lealdade, mas é bem possível existir lealdade sem fidelidade.
A fidelidade implica em dever e compromisso- mas em relação ao "outro".
A lealdade é interna, é individual.
É uma escolha baseada no sentimento e não no dever.
É impossível cobrar fidelidade em qualquer relacionamento que não seja o amoroso - parceiros, maridos/esposas, companheiros, namorados. É só na relação romântica que existe a fidelidade, já que somos uma sociedade essencialmente monogâmica (???).
Porém, é possível - e eu diria necessário - existir lealdade em todos os outros relacionamentos, por mais simples e impessoais que sejam.
A lealdade é o compromisso com a verdade.
Se o seu colega de trabalho não passa os recados do seu cliente, mas passa pra outro colega, isso é ser desleal.
Se a sua empregada falta pra fazer um bico e diz que estava doente, é desleal.
Se seu filho diz que está na escola e foi pro shopping jogar Playstation, é desleal.
Quando a sua sogra passa a receita errada do bolo, é desleal.
Um amigo querido que abandona você no meio da crise - deslealdade pura.
Em nenhum desses exemplos é exigido fidelidade. Não são relacionamentos onde isso possa existir.
Mas a lealdade é indispensável.
Lealdade implica em ter cuidado com a outra pessoa.
Cuidar nem sempre significa cuidado físico: é um cuidado emocional, ético, uma preocupação moral.
Ser leal é se manter ao lado daquela pessoa, cumprindo a sua parte no acordo tácito e fazendo o seu melhor.
Até para colocar um fim em uma relação, qualquer que seja, é necessário lealdade: para admitir que vai trabalhar em outro lugar, que vai ser promovido no lugar da sua colega, que vai se mudar e deixar a proprietária na mão, que vai trocar de trajeto e não pode mais dar carona.
Lealdade, no fim das contas, tem a ver com comprometimento.
E isso não há fidelidade que pague.
Mulher de salto
em
17 de março de 2011
Gente, esse texto é umas coisas mais cativantes que li nos últimos tempos.
É de autoria da minha amiga de Águas, Nany Vieira, que é uma mulher de extrema sensibilidade.
Preciso dividir isso com vocês...
"O que é ser uma mulher de salto?
É ver a vida sempre mais de cima e ainda assim se importar com as pequenas coisas como os cascalhos e as infelizes pedrinhas portuguesas.
Uma mulher de salto não corre pra todo e qualquer lugar, ela sabe o custo e o sacrifício empreendido neste esforço. Então, assim, ela escolhe bem os caminhos a percorrer e, melhor ainda, quais são as corridas que valem a pena na vida.
Ela sabe que nem toda dorzinha se transforma naquela bolha que arrasa nosso pé e pode deixar marcas. Algumas dores são suportáveis, outras não, e se a dor for grande, então temos que trocar de sapato ou nunca mais usar aquele, ele não nos serve, não adianta insistir a não ser que o propósito seja o prazer sádico de nos machucar.
Ser uma mulher de salto ensina a ter paciência, traz sabedoria. É ser alguém de passo cadenciado e altivo, muito certa de para onde ir e como ir.
É saber descartar os desgastes denecessários de andar com um sapato apertado, tais como as pessoas ou situações que nos sugam e não nos oferecem nenhum conforto ou alento. Aquelas pessoas que não dão nem um lenço quando estamos nos debulhando em lágrimas, nem emprestam o ouvido quando estamos sofrendo por algum mal que nem sabemos direito qual é.
É saber que longas caminhadas só valem a pena se tivermos boas e firmes companhias, pois em algum momento precisaremos de ajuda ou teremos que nos sentir à vontade para descer do salto.
É um aprendizado de auto valorização, é nunca mais ter que pensar numa roupa mirabolante para chamar atenção para si e saber que todos notam nossa presença. Mulher de salto anda e faz barulho gente! Ela já chama atenção antes mesmo de aportar em seu destino. É mulher que cria a expectativa de sua chegada, se estiver perfumada então... Mas esse, o perfume, já é outro capitulo, outro aprendizado...
Aprender a ser uma mulher de salto é exercitar o auto-controle, é ter equilíbrio, é perder a cabeça sem perder a pose, é aprender a fazer escolhas. Pois uma mulher de salto sabe o quanto suas pernas doem ao fim do dia para se manter de pé, então, ela precisa saber caminhar confortavelmente ou pelo menos o mais próximo disso.
É descartar as coisas superficiais e ir atrás do que realmente merece e lhe dá prazer.
É ser confiante, ter auto estima, é ficar no foco, se respeitar, é saber exatamente o que quer, mesmo quando não queremos nada.
Quantos aprendizados, quantas reflexões e tudo isso só por descobrir que é bem melhor andar no asfalto firme do que sobre paralelepípedos.
E isso me ajuda a compreender a diferença que determina uma boa ou má escolha."
Nany
Fala sério...o que é essa mulher?
Salto já!
É de autoria da minha amiga de Águas, Nany Vieira, que é uma mulher de extrema sensibilidade.
Preciso dividir isso com vocês...
"O que é ser uma mulher de salto?
É ver a vida sempre mais de cima e ainda assim se importar com as pequenas coisas como os cascalhos e as infelizes pedrinhas portuguesas.
Uma mulher de salto não corre pra todo e qualquer lugar, ela sabe o custo e o sacrifício empreendido neste esforço. Então, assim, ela escolhe bem os caminhos a percorrer e, melhor ainda, quais são as corridas que valem a pena na vida.
Ela sabe que nem toda dorzinha se transforma naquela bolha que arrasa nosso pé e pode deixar marcas. Algumas dores são suportáveis, outras não, e se a dor for grande, então temos que trocar de sapato ou nunca mais usar aquele, ele não nos serve, não adianta insistir a não ser que o propósito seja o prazer sádico de nos machucar.
Ser uma mulher de salto ensina a ter paciência, traz sabedoria. É ser alguém de passo cadenciado e altivo, muito certa de para onde ir e como ir.
É saber descartar os desgastes denecessários de andar com um sapato apertado, tais como as pessoas ou situações que nos sugam e não nos oferecem nenhum conforto ou alento. Aquelas pessoas que não dão nem um lenço quando estamos nos debulhando em lágrimas, nem emprestam o ouvido quando estamos sofrendo por algum mal que nem sabemos direito qual é.
É saber que longas caminhadas só valem a pena se tivermos boas e firmes companhias, pois em algum momento precisaremos de ajuda ou teremos que nos sentir à vontade para descer do salto.
É um aprendizado de auto valorização, é nunca mais ter que pensar numa roupa mirabolante para chamar atenção para si e saber que todos notam nossa presença. Mulher de salto anda e faz barulho gente! Ela já chama atenção antes mesmo de aportar em seu destino. É mulher que cria a expectativa de sua chegada, se estiver perfumada então... Mas esse, o perfume, já é outro capitulo, outro aprendizado...
Aprender a ser uma mulher de salto é exercitar o auto-controle, é ter equilíbrio, é perder a cabeça sem perder a pose, é aprender a fazer escolhas. Pois uma mulher de salto sabe o quanto suas pernas doem ao fim do dia para se manter de pé, então, ela precisa saber caminhar confortavelmente ou pelo menos o mais próximo disso.
É descartar as coisas superficiais e ir atrás do que realmente merece e lhe dá prazer.
É ser confiante, ter auto estima, é ficar no foco, se respeitar, é saber exatamente o que quer, mesmo quando não queremos nada.
Quantos aprendizados, quantas reflexões e tudo isso só por descobrir que é bem melhor andar no asfalto firme do que sobre paralelepípedos.
E isso me ajuda a compreender a diferença que determina uma boa ou má escolha."
Nany
Fala sério...o que é essa mulher?
Salto já!
Expectativas
em
15 de março de 2011
Decepção - opinião do dicionário
s. f.1. Ilusão perdida.
2. Desapontamento.
3. Malogro de uma esperança.
4. Desilusão.
Todas as definições de baseiam na existência de uma ilusão, de uma esperança.
E quando não é ilusão, ou pelo menos não achávamos que fosse?
E quando é a morte de uma situação real, de um sentimento real, de algo que existia?
Todos nós temos expectativas em relação às pessoas. Cada relacionamento, seja de trabalho, de amizade, de coleguismo (odeio essa palavra! mesmo!), de amor, de convivência - todos existem em função de expectativas geradas.
Quando vamos a uma entrevista de emprego, criamos a expectativa não apenas em ser aceito, mas na vida que vamos levar após ter conseguido o emprego.
Quando iniciamos um namoro, criamos toda uma expectativa em relação ao futuro: passeios, momentos, viagens, alegrias.
É claro que algumas expectativas jamais se tornam realidade, mas nem por isso gera frustração, porque sabemos que são expectativas, sonhos, desejos, ilusões.
A frustração acontece na hora que a expectativa encontra eco:
- Amor, vamos viajar pra Búzios no fim de semana?
- Claro, pode reservar a pousada...
Dois dias depois:
- Amor, você pode separar meu uniforme de futebol? Tem jogo esse sábado.
- Ué, mas nós vamos a Búzios!
- Ah, não vai dar...
Daí, a frustração.
Porque além da expectativa houve um retorno, uma confirmação.
Houve um movimento de resposta, que tira a expectativa do campo ilusório e dá a ela contornos de realidade.
É quando a ilusão ganha o status de "possibilidade real".
A possibilidade real é o título de um sonho em andamento: a reserva feita, a entrevista bem sucedida, a passagem comprada, a presença confirmada, o empréstimo pré-aprovado pelo banco.
Ainda não aconteceu, mas já houve um retorno.
E quando a possibilidade não acontece, a frustação é enorme, pesa e causa tristeza duplicada: pelo sonho, pelo anseio e pela confiança desperdiçada.
A confiança desperdiçada é o ápice do sofrimento, em relação a expectativas e possibilidades.
Porque para existir confiança, é necessário um relacionamento já estabelecido; é preciso que tenha havido um retorno, uma confirmação.
Por isso dói.
s. f.1. Ilusão perdida.
2. Desapontamento.
3. Malogro de uma esperança.
4. Desilusão.
Todas as definições de baseiam na existência de uma ilusão, de uma esperança.
E quando não é ilusão, ou pelo menos não achávamos que fosse?
E quando é a morte de uma situação real, de um sentimento real, de algo que existia?
Todos nós temos expectativas em relação às pessoas. Cada relacionamento, seja de trabalho, de amizade, de coleguismo (odeio essa palavra! mesmo!), de amor, de convivência - todos existem em função de expectativas geradas.
Quando vamos a uma entrevista de emprego, criamos a expectativa não apenas em ser aceito, mas na vida que vamos levar após ter conseguido o emprego.
Quando iniciamos um namoro, criamos toda uma expectativa em relação ao futuro: passeios, momentos, viagens, alegrias.
É claro que algumas expectativas jamais se tornam realidade, mas nem por isso gera frustração, porque sabemos que são expectativas, sonhos, desejos, ilusões.
A frustração acontece na hora que a expectativa encontra eco:
- Amor, vamos viajar pra Búzios no fim de semana?
- Claro, pode reservar a pousada...
Dois dias depois:
- Amor, você pode separar meu uniforme de futebol? Tem jogo esse sábado.
- Ué, mas nós vamos a Búzios!
- Ah, não vai dar...
Daí, a frustração.
Porque além da expectativa houve um retorno, uma confirmação.
Houve um movimento de resposta, que tira a expectativa do campo ilusório e dá a ela contornos de realidade.
É quando a ilusão ganha o status de "possibilidade real".
A possibilidade real é o título de um sonho em andamento: a reserva feita, a entrevista bem sucedida, a passagem comprada, a presença confirmada, o empréstimo pré-aprovado pelo banco.
Ainda não aconteceu, mas já houve um retorno.
E quando a possibilidade não acontece, a frustação é enorme, pesa e causa tristeza duplicada: pelo sonho, pelo anseio e pela confiança desperdiçada.
A confiança desperdiçada é o ápice do sofrimento, em relação a expectativas e possibilidades.
Porque para existir confiança, é necessário um relacionamento já estabelecido; é preciso que tenha havido um retorno, uma confirmação.
Por isso dói.
Nostalgia
em
14 de março de 2011
Acabei de mexer em uma caixa antiga e me peguei olhando uma foto perdida lá.
Na foto, uma jovem mulher, com seus dezessete anos, olha para a câmera num misto de timidez e desafio, com os cabelos ocultando parte do rosto e um livro nas mãos.
Jovem, muito jovem...
Meu coração se encheu de um misto de ternura e saudade, uma nostalgia infinita...
Ao fundo da foto, percebe-se um grupo de pessoas - uma reunião familiar? - mas o livro nas mãos denota seu desejo irreprimível de isolamento, sua fuga constante para um mundo só seu, onde ela estava no controle dos acontecimentos e sonhos e a realidade era convidada, não habitante.
Senti saudade dela; senti um afeto enorme pela menina-moça, pelo projeto de mulher que ela era.
O medo de não agradar, o tédio mortal das coisas cotidianas, os planos mirabolantes, a força do primeiro e único amor (?) correndo nas veias, os hormônios gritando, a não-aceitação também.
Onde está essa menina?
Onde ela foi enterrada, oculta, aprisionada?
Sob quantas camadas de um verniz fétido chamado cotidiano, debaixo das vigas da realidade, atrás das paredes das obrigações de gente grande...
Suspiro e procuro, lá no fundinho do meu ser...e percebo que ela ainda existe!
Na capacidade de renascer, de recomeçar, de levantar de novo a cabeça e desafiar o mundo.
Na vontade insana de ser feliz independe das resoluções contrárias.
No profundo conhecimento de si mesma.
Na sua força, na sua fé na vida, na sua risada solta, no choro incontido - é lá que eu a encontro.
E fico feliz, imensamente feliz, em perceber que tenho orgulho do que essa menina se tornou...
Na foto, uma jovem mulher, com seus dezessete anos, olha para a câmera num misto de timidez e desafio, com os cabelos ocultando parte do rosto e um livro nas mãos.
Jovem, muito jovem...
Meu coração se encheu de um misto de ternura e saudade, uma nostalgia infinita...
Ao fundo da foto, percebe-se um grupo de pessoas - uma reunião familiar? - mas o livro nas mãos denota seu desejo irreprimível de isolamento, sua fuga constante para um mundo só seu, onde ela estava no controle dos acontecimentos e sonhos e a realidade era convidada, não habitante.
Senti saudade dela; senti um afeto enorme pela menina-moça, pelo projeto de mulher que ela era.
O medo de não agradar, o tédio mortal das coisas cotidianas, os planos mirabolantes, a força do primeiro e único amor (?) correndo nas veias, os hormônios gritando, a não-aceitação também.
Onde está essa menina?
Onde ela foi enterrada, oculta, aprisionada?
Sob quantas camadas de um verniz fétido chamado cotidiano, debaixo das vigas da realidade, atrás das paredes das obrigações de gente grande...
Suspiro e procuro, lá no fundinho do meu ser...e percebo que ela ainda existe!
Na capacidade de renascer, de recomeçar, de levantar de novo a cabeça e desafiar o mundo.
Na vontade insana de ser feliz independe das resoluções contrárias.
No profundo conhecimento de si mesma.
Na sua força, na sua fé na vida, na sua risada solta, no choro incontido - é lá que eu a encontro.
E fico feliz, imensamente feliz, em perceber que tenho orgulho do que essa menina se tornou...
