Minha filha

Passei um fim de semana atípico e especial: aniversário da minha filha, da princesinha que Deus me deu.
Digo, com todas as letras, que ela foi presente de Deus. E foi mesmo, porque é tão minha quanto o que nasceu do meu ventre e mais minha ainda pela opção feroz que faço por ela todos os dias.
É a criança que me foi dada em confiança pela Vida, para que eu seja para ela a melhor das opções.
É um acontecimento: uma pré-adolescente, prévia e precoce em tudo, com uma inteligência viva que me encanta, um mau gênio que me apavora e um carinho imenso que ela não consegue pôr pra fora, com os engates característicos de quem sofreu muito e não sabe porque....
É um amor de criança...e eu a amo profundamente, com paixão, com preocupação e com a certeza que só nasceu de outra barriga para me ensinar alguma coisa, porque é MINHA, muito minha, muito eu em todos os sentidos.
Brincamos, passeamos, fomos ao lugares que ela quis, inventou e gostou.
Ganhou sua bicicleta, fez graça com o irmão, comeu kilos de porcarias, aprontou tudo.
Um aniversário perfeito!

Amor imenso....

Amor mais que imenso...

Amor que exacerba, que espalha, que se instala.

Costumo dizer que a metade da minha alma em outro corpo.

É meu filho mais velho, o meu amor mais amigo.

É em quem eu penso na hora da tristeza, para dividir e aliviar o peso.

É em quem eu penso na hora da alegria, para multiplicar e ser feliz comigo.

Um menino, um moleque, um homem, um príncipe, um bobo: meu irmão.

Um tesouro.....

Meu tesouro precioso, que nem sabe disso.

Forte, maluco, feliz, frágil, seguro, apaixonado, irresponsável, irreverente, indeciso, impossível, justo, carinhoso...

Quem te fez assim?

Foi o tempo, foi o vento, foi a cachoeira, foi um eclipse?

Quem me deu você?

Foi o mar, guardião de desejos e de tesouros.

Uma vida dentro da minha própria vida, um outro coração dentro do meu peito, que às vezes bate descompassado, às vezes dói...mas está sempre lá.

Não adianta dizer que te amo.

Não há palavras que consigam expressar tudo e não há quem consiga entender.

Basta essa comunhão de almas....

APRENDENDO A DESAPRENDER
Passamos a vida inteira ouvindo os sábios conselhos dos outros.
Tens que aprender a ser mais flexível, tens que aprender a ser menos dramática, tens que aprender a ser mais discreta, tens que aprender... praticamente tudo.
Mesmo as coisas que a gente já sabe fazer, é preciso aprender a fazê-las melhor, mais rápido, mais vezes. Vida é constante aprendizado. A gente lê, a gente conversa, a gente faz terapia, a gente se puxa pra tirar nota dez no quesito "sabe-tudo".
Pois é. E o que a gente faz com aquilo que a gente pensava que sabia?
As crianças têm facilidade para aprender porque estão com a cabeça virgem de informações, há muito espaço para ser preenchido, muitos dados a serem assimilados sem a necessidade de cruzá-los: tudo é bem-vindo na infância.
Mas nós já temos arquivos demais no nosso winchester cerebral. Para aprender coisas novas, é preciso antes deletar arquivos antigos. E isso não se faz com o simples apertar de uma tecla. Antes de aprender, é preciso dominar a arte de desaprender.
Desaprender a ser tão sensível, para conseguir vencer mais facilmente as barreiras que encontramos no caminho.
Desaprender a ser tão exigente consigo mesmo, para poder se divertir com os próprios erros.
Desaprender a ser tão coerente, pois a vida é incoerente por natureza e a gente precisa saber lidar com o inusitado.
Desaprender a esperar que os outros leiam nosso pensamento: em vez de acreditar em telepatia, é melhor acreditar no poder da nossa voz.
Desaprender a autocomiseração: enquanto perdemos tempo tendo pena da gente mesmo, os demais seguiram em frente.
A solução é voltar ao marco zero. Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima.Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida.
Basta desaprender o receio de mudar.

Texto de Martha Medeiros...perfeito!